O primeiro chamado impresso em nossos corações é o amor de Deus. Desde o momento em que nascemos, trazemos em nós essa marca divina, mas o próprio Deus, em sua sabedoria, permite que esse amor pareça oculto, para que o homem o busque em todos os lugares e, ao buscá-lo, descubra que somente n’Ele está a plenitude de todo desejo.
É nesse mistério que a figura de São José se torna fundamental. Jesus, sendo Deus, não precisava de nada para compreender o amor verdadeiro. Mas, em sua humanidade, quis aprender o cuidado, a ternura, a obediência e a proteção por meio da presença de um pai terreno. Foi José quem alimentou, protegeu, educou e deu a Jesus o testemunho do que significa ser homem justo. Se Cristo pôde crescer em sabedoria e graça, também foi porque São José assumiu o seu chamado silencioso e fiel de pai.
Os pais adotivos são convidados a entrar nesse mesmo mistério. A adoção não é um “plano B”, mas uma vocação de amor que reflete a própria paternidade de Deus. Assim como José acolheu Jesus sem reservas, pais e mães são chamados a acolher um filho não pela carne, mas pela graça.
Hoje vemos muitos homens e mulheres desejando transformar o mundo, conquistar espaços, títulos e reconhecimentos, mas muitas vezes incapazes de cuidar da própria família — que é o primeiro e maior chamado. São José não buscava ser alguém diante dos homens; ele apenas foi fiel ao que Deus lhe pediu: ser pai.
Pais, não fujam da vocação da adoção. Nela, o amor de Deus se faz carne de novo, cura feridas, abre caminhos e devolve ao mundo a esperança.
