A liberdade de escolha é um dom concedido por Deus, e com ela vem a responsabilidade de discernir sabiamente as decisões que tomamos. Na questão da adoção, o processo de escolha do perfil da criança desejada é um tema delicado e profundo, que exige não apenas consideração racional, mas, sobretudo, espiritual. O discernimento que a Palavra de Deus nos dá é fundamental para tomarmos decisões que estejam de acordo com o propósito divino.
Em Mateus 7:24-27, Jesus nos ensina sobre a importância de fundamentar nossas decisões na Sua Palavra:
“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha;
E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.
E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia;
E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.”
Essa passagem nos orienta a agir com prudência, edificando nossas escolhas sobre a rocha, que é a Palavra de Deus, e não sobre a areia das emoções passageiras e vontades temporais. Na adoção, o casal cristão é chamado a praticar esse discernimento, buscando em Deus a sabedoria para fazer escolhas que não sejam baseadas apenas em expectativas pessoais ou em um ideal de “família perfeita”, mas na vontade de Deus e no desejo de amar a criança como ela é, em sua dignidade e valor.
A Igreja nos ensina que o discernimento é essencial em todos os aspectos da vida, e é fundamental que o casal que busca a adoção se abra à orientação de Deus, pedindo-Lhe que mostre o caminho. Nenhum excesso, nem falta de abertura na escolha de uma criança, deve ser julgado ou condenado pela Igreja ou pelos irmãos, mas, ao contrário, precisa ser acolhido com compreensão e apoio. Cada situação depende de uma experiência pessoal de confiança no Senhor, que guia o coração de quem busca a adoção.
No entanto, o que temos visto hoje em dia é uma tendência crescente de decisões baseadas apenas nas emoções e vontades humanas, buscando uma família idealizada, que muitas vezes não condiz com a realidade. Esse modelo de “família perfeita” simplesmente não existe. Apenas uma família foi realmente perfeita, a Sagrada Família de Jesus Cristo. Ao buscar um ideal inalcançável, corremos o risco de desvalorizar a dignidade da criança, que merece ser acolhida e amada em sua totalidade, e não conforme expectativas humanas.
Portanto, é essencial que todo casal reflita profundamente sobre sua escolha e se pergunte: minha decisão está realmente fundamentada no amor cristão e no desejo de proporcionar à criança uma experiência concreta de amor familiar? Ou estou sendo influenciado por uma busca irreal de perfeição? O verdadeiro amor não impõe condições, mas acolhe e ama o outro como ele é, seguindo o exemplo de Jesus Cristo.
A Igreja e a comunidade cristã estão aqui para apoiar e ajudar no processo de discernimento, proporcionando um ambiente de oração e reflexão. A decisão de adoção deve sempre estar enraizada na confiança em Deus, que nos chama a sermos instrumentos do Seu amor, edificando nossas famílias sobre a rocha firme da Sua Palavra.